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por Daniela Lessa e Wilame Lima fotos Cia de Foto

Se você está tranqüilo demais no trabalho, abra o olho, aguce o faro e agite-se. Alongar o tempo de permanência na zona de conforto profissional, acomodado aos conhecimentos adquiridos, mas sem estímulo para inovações, pode ser um dos primeiros sinais de insatisfação. E as conseqüências dessa atitude podem não ser tão saudáveis assim. A questão é avaliar se a solução consiste em sair da empresa, mudar de cargo, ganhar mais ou dar uma guinada radical na vida e partir para caminhos totalmente novos.

Para alguns a hora de se sacudir chega quando o profissional percebe que é prescindível na posição em que se encontra. “Quando tudo funciona perfeitamente, e qualquer pessoa pode fazer o seu trabalho, é hora de buscar outros desafios”. A coragem para alterar rotas advém de um estado de alerta permanente. 

É preciso planejar-se.  Mudanças são arriscadas e nem todos os profissionais têm fôlego para suportá-las. A psicóloga clínica Patrícia Reiter Guardia adverte que é necessário analisar minuciosamente a situação e ponderar o nível de conhecimento e possibilidades reais na nova profissão almejada. Também é preciso estar em um momento de equilíbrio pessoal, o que evita o risco de uma dupla decepção: com o novo e com o antigo trabalho. “Muitas pessoas que optam por novas carreiras voltam para a antiga, mas também encontram dificuldade em se adaptar novamente”, comenta.

No entanto, permanecer na zona de conforto por medo do futuro pode ser ainda mais extenuante que aventurar-se em um novo rumo. Para a psicóloga e consultora do Instituto Ecossocial Márcia Vasconcellos, o fundamental nesse processo é tomar consciência de seus objetivos, dos riscos, dos desafios quanto ao novo e adotar um planejamento correto para a mudança. “Os executivos, muitas vezes, têm medo porque acham que não saberão construir novas posições, mas 90% deles se dão bem”, afirma a psicóloga. E complementa: “Quem toma decisão de forma madura obtém sucesso, quem se machuca é quem sai com raiva, sem planejamento, porque não agüenta mais o que fazia.”

Márcia observa que, na maioria das vezes, as motivações para a mudança começam por volta dos 35 ou 45 anos, após o profissional ter conquistado uma série de posições, mas ainda assim sentir-se infeliz. “Isso ocorre porque, muitas vezes, as opções são feitas em função das oportunidades. O profissional vai ficando nos postos conquistados, mas este não é seu objetivo principal”, resume.

Para o consultor Ricardo Amatto, a deficiência organizacional de algumas companhias contribui muito para essa insatisfação dos executivos. Empresas excessivamente horizontais, por exemplo, não oferecem possibilidade de evolução e, por isso, não conseguem motivar seus funcionários. “Os profissionais tendem a cumprir um ciclo de ascensão nas empresas e, se não há condições de crescimento e de aprender coisas novas, as pessoas saem”, resume.

A hora de mudar.  Traçar novos rumos não requer necessariamente mudança de endereços constantes. O primeiro passo, em alguns casos, é iniciar uma nova carreira acadêmica.

O professor Paulo Eduardo Ribeiro, depois de 15 anos à frente da gestão de pessoas da marca Ford no Brasil, decidiu iniciar um mestrado. Posteriormente, optou pelo programa de demissão voluntária da Ford e acabou contratado para dar aulas na universidade. “Não encaro minha mudança como jogar 15 anos de experiência para o alto, até porque muito do que você faz continua servindo como conhecimento em outra fase da sua vida”, conta ele.   No seu caso, o maior medo foi deixar de lado uma empresa com política de benefícios para seguir uma vida incerta na área de educação. A opção pela demissão voluntária foi uma maneira interessante de, mesmo com a falta de garantias, arriscar por algo que ele acreditava ser melhor.

Mudar pode ser difícil, mas os resultados costumam ser compensadores. Uma sensação comum entre as pessoas que decidiram partir para uma nova carreira é a de alívio das pressões e estímulo renovado pelo trabalho. Que o diga a ex-arquiteta Andréa Alves. Insatisfeita e estressada, ao procurar terapias alternativas para aliviar o excessivo cansaço do dia-a-dia, acabou descobrindo sua verdadeira vocação: as terapias com as quais se tratava.

Conforme se aprofundava nos estudos dos fundamentos dessas terapias, ativou sua veia empreendedora e criou o Jaya SPA. “Não estava 100% alinhada com a filosofia da arquitetura, assim, a coisa não tinha como andar bem”, conta Andréa, atualmente professora de yoga e te-rapeuta Ayurveda.

Descoberta.  Nem toda mudança, entretanto, ocorre apenas por motivações pessoais. O caso da ex-diretora empresarial Silvana Berti, por exemplo, foi impulsionado por questões externas. Silvana era diretora da Out Grafics, empresa de comunicação visual, que teve sua atividade restringida em função da lei da Cidade Limpa, regulamentada no início de 2007. A lei paulistana determina a proibição de outdoors, cartazes e anúncios de fachadas grandes. Ante à restrição, Silvana avaliou a oportunidade como positiva e decidiu que era hora de seguir sua paixão: trabalhar com numerologia. Apesar da experiência de 15 anos como gestora e dos convites para assumir a diretoria de outras empresas, Silvana trocou um bom salário fixo pela incerteza que a nova profissão poderia trazer.

Da antiga profissão, Silvana aproveitou os contatos e começou a desenvolver projetos de assessoria numerológica (análise de perfis de candidatos em processos seletivos, palestras e estudos de nomenclatura) para grandes empresas como a Stroke e a Batavo.

A paixão de Silvana, porém, não foi acompanhada apenas pelo alívio. Ela também teve de enfrentar o preconceito. “As pessoas olham torto e muitos amigos chegam a se afastar porque agora, de certa forma, você não tem mais poder”, analisa.

Como numeróloga, a profissional teve uma redução em seus rendimentos, mas acredita que a maior compensação de arriscar tudo é poder se reconhecer como pessoa. Trocar de profissão ajudou no seu processo de auto-descoberta como ser humano.

Navegar por mares desconhecidos pode levar a lugares esquisitos, é verdade. Mas a possibilidade de encontrar um paraíso é real. Apegar-se ao insatisfatório, por sua vez, é uma ação com potencial de privilegiar perigosamente a inação. Os personagens retratados nesta reportagem mostram a importância de reconhecer, honestamente, uma situação incômoda, e, a partir dessa análise, planejar e se esforçar para dar novos contornos a uma carreira. O frio na barriga é inevitável, mas pode ser altamente recompensador.

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